As Origens


Nos finais do século XIX o Dianteiro não devia passar dos cem fogos, havia a necessidade de construir um templo para apoiar o espírito das gentes da terra. A igreja mais próximo era a de Santo António dos Olivais, a lonjura e a falta de uma estrada tornava as gentes do Dianteiro umas alienadas à religião que tinham recebido pelo baptismo.
A vontade de um homem elevou-se, Manuel Madeira, sozinho fez planos, idealizou, e construiu. O seu tempo, o seu trabalho de pai de família moleiro eram alternados com este grande projecto da sua vida construir a igreja do Dianteiro, sem apoios monetários de ordens eclesiásticas, de câmaras, de juntas, era o seu projecto que alargou ás gentes da sua terra. Todos os meses ao calor do sol e ao frio da chuva ia pelas portas do Dianteiro pedir contribuições. Do meio alqueire de milho e de feijão ao azeite e ás galinhas cada um dava generosamente das suas pobrezas e das suas faltas. Pela noite descia à cidade onde vendia os géneros a colégios e conventos que já eram da sua freguesia de moleiro.

Sobre um sopé de um morro de terrenos baldios na Eira do Moinho em 1884 (data provável) se começou a escavar, encravaram-se as fundações e as paredes começam a erguer-se. Sem projecto de arquitecto Manuel Madeira não temeu, José Barata, canteiro alia-se ao projecto e lhe fica a cargo todas as guarnições interiores e exteriores de cantaria da igreja, o que define terminantemente a estrutura da mesma.

A igreja e a torre estavam construídas, o povo cansado de dar, e o sonho do homem continuava, a venda de uma leira de terra no campo e de uns terrenos de mato na serra remataram com a construção da capela. Templo pronto de portas abertas (porque não as tinha) parte para o último peditório, cada um dava de uma tábua a um castanheiro para o trabalho de Bernardo Francisco que ofereceu os seus préstimos de carpinteiro para finalizar a obra. No início do séc.XX a igreja não tinha o espólio artístico que tem hoje, até à sua morte Manuel Madeira aumenta o espólio da igreja com imagens e telas umas oferecidas, outras compradas de antigas igrejas. Uma destas imagens foi a de N.ªS.ª da Lapa que mais tarde, se tornou a padroeira do Dianteiro.
Em 1951 é requerido à Cúria Episcopal sob abaixo-assinado a criação da paróquia do Dianteiro integrando as aldeias de Casal do Lobo, Cova do Ouro, Carapinheira da Serra, e Golpe. Com a posterior desintegração e desinteresse destas aldeias só em 4 de Junho de 1975 o Bispo D. João Saraiva consuma o pedido e cria a reitoria da Igreja de N.ª S.ª da Lapa do Dianteiro a cargo do Padre António Henriques.
Em 1977 chega à paróquia de Santo António dos Olivais o Frade Lucas Bridio, e posteriormente a comunidade dos Franciscanos Menores Conventuais que ali se instalam. Passados mais de trinta anos, o trabalho destes, nesta reitoria é notório, promovendo o desenvolvimento e crescimento da comunidade cristã...